A trama do filme “O Poço” se a em uma prisão vertical com centenas de andares, compostos de celas sem janelas, abrigando dois presos cada. No meio, um enorme poço permite enxergar os andares superiores e inferiores. Diariamente, uma única plataforma repleta de um verdadeiro banquete desce pelo poço, a partir do andar mais alto em direção aos andares inferiores. Cada nível deve se alimentar rapidamente enquanto a plataforma estaciona, antes que volte a se mover para baixo. Nessa realidade ocorre uma luta diária pela sobrevivência, onde cada indivíduo busca, a seu modo, garantir a sua porção da comida disponível.
“O Poço 2” introduz a Revolução Solidária, um sistema que aparentemente busca impor justiça, e mostra também a realidade de muitas religiões onde a mensagem é desvirtuada e ocorre punição para quem não segue as leis, muitas vezes justificando a violência como meio de manter a ordem.
O roteiro utiliza essa prisão vertical para mostrar o comportamento egoísta de cada indivíduo dentro da divisão de classes. Se a comida fosse melhor distribuída, não haveria tanta fome no mundo e as pessoas poderiam comer de maneira digna. No entanto, as atitudes mostradas pelos personagens são evidentes também no nosso cotidiano e muito próximas à nossa realidade, fazendo uma clara provocação aos embates motivados pelos sistemas políticos e econômicos Comunismo x Capitalismo. Fato é que, como pode ser observado no próprio filme, nenhum dos dois sistemas, por si só, funciona sozinho adequadamente.

O enredo expõe o individualismo humano, evidenciando que os indivíduos dos andares de cima pouco se importam com aqueles que ocupam os andares mais baixos, o que podemos fazer um paralelo com as duras críticas lançadas sobre os programas governamentais que visam combater a insegurança alimentar e a fome. Visto que, muitas vezes, a tentativa de equilibrar as condições de o à alimentação de qualidade é vista como uma mera atitude comunista a qual deve ser combatida.
A obra como um todo possibilita muitas reflexões sobre o mundo atual, ao utilizar metáforas para fazer uma crítica alegórica ao sistema capitalista, demonstrando como a má distribuição de alimentos entre pessoas de diferentes níveis promove desigualdades, levando os menos favorecidos a muitas vezes serem forçados a se corromperem à criminalidade como uma forma de sobrevivência, devido à falta de alternativas. Além disso, a metáfora faz alusão às desigualdades sociais, à concentração de renda e divisão de classes que afetam negativamente milhões de pessoas em todo o mundo.

Nutricionista, natural de Ouro Preto/MG, e uma iradora da arte da escrita, almejo proporcionar saúde compartilhando meus conhecimentos de modo a agregar melhorias na vida do maior número de pessoas possível.